> ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NA ENDOMETRIOSE
O tema endometriose tem estado muito em voga hoje em dia. É cada vez mais comum pessoas que descobrem ter a doença.
Não à toa, já há quem a denomine como “ a doença da mulher moderna ”. Isto se deve há muitos fatores, mas também, provavelmente, pela mudança no estilo de vida das mulheres, que tem retardado a fertilidade, e com isso, aumentado os ciclos menstruais antes de engravidar. Mas, não se devem descartar ainda os fatores imunológicos, o estresse e a poluição, entre outros.
A doença é a causa de muitos casos de infertilidade nos tempos modernos. Entretanto, com o tratamento adequado, é possível reverter este quadro. Um exemplo disto é a atriz Fernanda Machado, que interpretou a personagem Leila na novela “Amor à Vida” e Maria no filme “Tropa de Elite”. Há alguns meses, a artista divulgou o nascimento do seu primeiro filho, fato que foi muito comemorado depois de Fernanda ter sido diagnosticada com endometriose há cerca de três anos. Mas, além da infertilidade, há outros sintomas que podem indicar que a mulher está com endometriose.
Caso você tenha um dos seis sintomas listados abaixo, não deixe de procurar um médico. Afinal, prevenção nunca é demais.
Em muitos casos, a cólica menstrual intensa é o primeiro sinal indicativo de endometriose. A doença é a presença de células que compõe a camada interna do útero (chamado de endométrio) fora do útero: nas trompas, nos ovários, na bexiga, no intestino. Quando a mulher menstrua, essa camada interna do útero descama, sangra e se exterioriza por via vaginal.
Assim, nas mulheres com endometriose, durante o período de menstruação, existe um sangramento e uma inflamação também nestes órgãos, o que gera mais dor. Às vezes, a cólica não tem motivo aparente, contudo não se deve imaginar que a cólica menstrual é um sintoma natural na vida da mulher. Por isso, sempre que sentir dor, procure o ginecologista e descreva o que sente para que as causas sejam identificadas e o melhor tratamento seja orientado.
Como a endometriose pode afetar vários órgãos da região pélvica, o contato com a região inflamada provoca a dor. É sempre válido lembrar que a relação sexual deve ser prazerosa para a mulher. Se existe dor na profundidade, é porque algo não está bem.
A endometriose está entre as causas possíveis da dificuldade para engravidar. Muitas mulheres que apresentam infertilidade têm endometriose associada. Tal correlação pode ser explicada pela obstrução ou comprometimento das tubas uterinas pela endometriose, obstrução das tubas uterinas por aderências causadas pela endometriose, e pela inflamação crônica na pelve, que pode atrapalhar a implantação do embrião no útero.
Vale ressaltar que, nos casos de endometriose, a fertilidade pode ser restabelecida com tratamento adequado.
Como o intestino encontra-se localizado na região pélvica, ele também pode ser comprometido pela endometriose. Com isso, no período menstrual, as lesões de endometriose no intestino provocam inflamação e por consequência dor intestinal, principalmente durante a evacuação.
Dependendo da localização da endometriose no intestino, pode provocar cólicas intestinais de forte intensidade, dor ao evacuar no reto e até sangramento nas fezes. Em casos mais graves, pode causar dificuldades na evacuação e até obstrução do intestino.
Assim como o intestino, a bexiga também está localizada na região pélvica. E pode sofrer as mesmas alterações que ele, o que pode gerar dor para urinar durante a menstruação, assim como sangramento na urina. Em casos mais severos, a endometriose também pode comprometer os ureteres, que são as estruturas que transportam a urina dos rins para a bexiga, podendo até comprometer o funcionamentos dos rins.
Como explicado acima, a endometriose pode atingir vários órgãos da pelve, ao longo de muitos anos. Com o passar do tempo a mulher com endometriose pode passar a sentir dor contínua, independente da menstruação. Esse tipo de dor é chamada de dor pélvica crônica, e traz um grande impacto na qualidade de vida dessas mulheres. Todas essas alterações podem influenciar a vida psicossocial da mulher, uma vez que a dor crônica pode impedi-la de cumprir com seus deveres profissionais e pessoais, além de atrapalhar nas relações sexuais.
A boa notícia é que a maior parte dos casos tem tratamento, e o controle adequado pode melhorar a qualidade de vida.
* Dr. Tomyo Arazawa é ginecologista e obstetra, e especializou-se em cirurgias robóticas, video-laparoscópicas e video-histeroscópicas (os quais incluem as cirurgias de endometriose), e em medicina reprodutiva. É membro da Sociedade Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (SOGESP), da American Society for Reproductive Medicine (ASRM), da American Association of Gynecologic Laparoscopists (AAGL) e da International Pelvic Pain Society (IPPS).