> ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NA ENDOMETRIOSE
Você já sentiu uma bola saindo pela vagina ou mesmo uma sensação de peso ou desconforto pélvico ou vaginal? Atenção, isso pode ser um prolapso uterino.
O prolapso uterino ocorre quando o útero perde sua sustentação e entra dentro da vagina, podendo até se exteriorizar pela vulva.
É uma condição que afeta
26,5% das mulheres acima de 40 anos, podendo chegar até 50% das mulheres após os 80 anos.
Caso você tenha sido diagnosticada, ou suspeita dessa condição, fique calma: existe tratamento.
Hoje, são
diversas as opções de tratamento para prolapso uterino, incluindo cuidados clínicos como fisioterapia pélvica, uso de pessário, cremes vaginais e até laser vaginal, além de tratamentos cirúrgicos.
Neste artigo vamos entender cada um deles. Siga com a leitura!
Um estudo da
Oxford Family Planning Association constatou que o prolapso de órgão pélvico tornou-se mais prevalente nas seguintes mulheres:
Estes e outros fatores de risco contribuem para a fraqueza dos tecidos que sustentam os órgãos pélvicos ou até lesões de ligamentos, fáscias e músculos do assoalho pélvico e com isso ao longo do tempo a bexiga, útero e intestino tendem a cair podendo até sair pela vagina.
Independente da causa do prolapso uterino, sabemos que quanto mais o útero estiver deslocado de sua posição original, mais sintomas a mulher pode ter e isso terá impacto direto em sua qualidade de vida.
O
sistema de quantificação de prolapso de órgãos pélvicos (POP-Q) foi criado em 1996. A partir dele, é possível fazer o estadiamento do prolapso uterino utilizando apenas a localização da parte do útero que está mais para baixo durante um esforço abdominal e, portanto, gerando mais sintomas:
O tratamento do prolapso uterino depende em grande parte do estadiamento do prolapso, dos sintomas e das expectativas da mulher com o tratamento. São eles:
Sabemos que a maioria dos prolapsos uterinos acontecem em idades próximas à menopausa. Nesta fase o estrogênio, um dos hormônios sexuais da mulher, tem uma queda importante, gerando os famosos
sintomas da menopausa, como a secura vaginal.
A secura vaginal ocorre nestas mulheres devido a diminuição da vascularização pélvica, além da diminuição de colágeno e elastina.
Os cremes vaginais à base de hormônios semelhantes ao estrogênio podem devolver a lubrificação, elasticidade e colágeno.
Contudo sabemos que só isso não é o suficiente no tratamento do prolapso uterino, já que, como vimos, a sustentação do útero se dá por ligamentos, fáscias e músculos.
Os hormônios vaginais, portanto, ajudam muito pouco ou quase nada no tratamento do prolapso uterino. Mas podem ser excelentes aliados no tratamento da mulher que nessa fase sente tantos desconfortos.
O tratamento com o
laser vaginal tem ação semelhante ao hormônio local: age na melhora da circulação sanguínea, promoção de colágeno e elastina.
Portanto, ele sozinho muito provavelmente não irá fazer milagre.
Contudo, para prolapso estadio 1
pode contribuir no fortalecimento do colágeno local e se associado a fisioterapia de assoalho pélvico, pode ajudar no tratamento, bem como uma prevenção para que os prolapsos pélvicos não se agravem.
Sabendo que um dos fatores de risco do prolapso é a fraqueza ou lesão dos músculos do assoalho pélvico, a reabilitação destes músculos é mandatória; seja como tratamento principal, como nos casos de prolapso uterino Estadio 1 ou 2, ou tratamento adjuvante.
A
fisioterapia pélvica contribui não só para a melhora dos sintomas do prolapso (como sensação de bola na vagina, urgência para urinar, incontinência urinária, obstipação), como também para diminuir o estadiamento dos prolapsos genitais.
Com o fortalecimento dessa musculatura é possível obter o melhor fechamento da vagina, uretra e até ânus. Dependendo do grau de força ou lesão dessa musculatura o fisioterapeuta pode utilizar técnicas de eletroestimulação, biofeedback, uso de games, exercícios com cones vaginais dentre outros.
Como dito anteriormente, a fisioterapia pélvica pode se associar com outros tratamentos para potencializar a melhora do prolapso uterino, como o laser vaginal, cadeira eletromagnética, pessário e até cirurgias como veremos mais para frente.
A
cadeira eletromagnética utiliza energia eletromagnética focada. A mulher senta nessa cadeira por aproximadamente 20 a 30 minutos, de roupa, e essa energia estimula a contração dos músculos do assoalho pélvico a níveis supra máximos.
É um tratamento para disfunções de assoalho pélvico e até o momento não se recomenda como terapia única, e sim
associada a fisioterapia pélvica, por exemplo.
A cadeira eletromagnética pode
promover um aumento tanto de número como em volume de fibras musculares pélvicas, auxiliando assim nos exercícios de assoalho pélvico. Com isso, há melhora do suporte pélvico e portanto do suporte uterino também.
No caso de prolapso uterino, pode ter melhor resultado para prolapso Estadio 1 ou 2.
Tanto no caso da fisioterapia pélvica como na cadeira eletromagnética, a continuidade dos exercícios de assoalho pélvico em casa e de forma regular é fundamental para a manutenção do tratamento.
Os
pessários vaginais são objetos geralmente feitos de silicone que são inseridos na vagina para dar um suporte a mais para os órgãos pélvicos prolapsados.
Geralmente são indicados como tratamento momentâneo para gerar conforto vaginal e qualidade de vida por um período até realizar o tratamento definitivo, como o fortalecimento dos músculos pélvicos e/ou cirurgia.
Contudo, em alguns casos pode ser um tratamento definitivo, principalmente em prolapsos mais avançados (Estadio 3 ou 4) que não irão realizar cirurgia.
Embora os pessários não revertam a herniação definitiva dos órgãos pélvicos, eles podem diminuir os sintomas e prevenir a progressão do prolapso.
Geralmente existe uma fase inicial de adaptação e nem sempre o pessário dá certo de primeira, algumas vezes a mulher irá usar alguns tipos até avaliar qual terá melhor adaptação e conforto.
Na fase de adaptação levamos em consideração os seguintes fatores:
Reavaliações regulares do ajuste do pessário devem ser realizadas para avaliar todos estes itens acima.
A decisão pelo
manejo cirúrgico deve ser tomada após uma discussão detalhada com a paciente sobre o desejo de ter filhos, de relações sexuais vaginais futuras, pontos de vista culturais, expectativas com o tratamento, tratamentos alternativos e possíveis complicações.
Sabemos que muitas vezes o prolapso uterino não vem sozinho. Por terem os mesmos fatores de riscos e por serem órgãos pélvicos com os mesmos suportes, é muito comum que essas mulheres também tenham prolapso de bexiga, de intestino e outros sintomas relacionados como incontinência urinária e sensação de vagina larga.
Quando optamos pelo tratamento cirúrgico reconstrutivo, ou seja, reposicionar todos os órgãos em seus lugares originais, é primordial que a reconstrução seja de todas as estruturas pélvicas que sustentam esses órgãos. Caso os prolapsos sejam parcialmente corrigidos o índice de recidiva aumenta e prolapsos que antes eram pequenos podem piorar.
Por isso, o primeiro passo do tratamento cirúrgico é a
escolha cuidadosa de um cirurgião uroginecológico habilitado.
Assista também ao vídeo:
As vias cirúrgicas mais indicadas são as minimamente invasivas:
No tratamento cirúrgico pode-se ou não optar pela retirada do útero e pode-se ou não usar telas sintéticas para ajudar na sustentação.
Estratégias de preservação uterina foram desenvolvidas para atender aquelas pacientes que desejam manter a fertilidade futura ou desejam manter seu útero.
Uma das cirurgia para que o útero volte à posição original é reconstruir os ligamentos (como encurtamento dos ligamentos uterossacros) por qualquer via mencionada acima, mas sabendo que existe melhor visualização das estruturas e portanto, maior segurança por via abdominal.
Pode-se ainda reposicionar o útero em outros ligamentos pélvicos, como fixação no ligamento sacro espinhoso (por via vaginal) ou no ligamento longitudinal anterior da coluna (por via abdominal)
É possível ainda que essa fixação seja feita com o auxílio de uma tela sintética funcionando como uma ponte que liga o colo do útero até esses ligamentos.
A histerectomia é a retirada do útero. Pode ser realizada por via vaginal ou abdominal no tratamento para o prolapso uterino.
A histerectomia pode ser total, quando se retira todo o útero e colo do útero, ou subtotal, quando se retira o corpo do útero mas o colo do útero ainda fica.
A manutenção do colo do útero garante que os ligamentos e fáscias endopélvicas continuem fixos no colo e, portanto, continuem fazendo o suporte dos outros órgãos pélvicos, como bexiga, intestino e cúpula da vagina.
Na histerectomia total é preciso garantir que esses ligamentos e fáscias fiquem bem fixos no fundo da vagina, para diminuir recidiva de prolapsos.
Após a histerectomia é feita a correção do prolapso igual descrito anteriormente para a cirurgia sem histerectomia, com a diferença que não é recomendado o uso de tela sintética se a histerectomia for total pelo risco de infecção e extrusão da tela, como a tela migrar para dentro da vagina por exemplo.
Um adendo importante é que a histerectomia não deixa a mulher na menopausa. Ela para de sangrar, mas se os ovários funcionavam antes da cirurgia, continuarão funcionando e produzindo hormônios até o dia que eles já produziriam normalmente.
Qualquer uma das cirurgias acima podem ser realizadas sem a necessidade de tela, desde que a mulher tenha uma boa qualidade de seus ligamentos e tecidos e não tenha grandes fatores de risco para uma recidiva.
Toda reconstrução de ligamentos e fáscias é feita com muitos pontos e exige uma recuperação pós operatória entre 40 a 60 dias para garantir a boa cicatrização dos tecidos e diminuir chances recidivas do prolapso.
A grande vantagem é ter menos riscos que o uso de tela.
Em alguns casos os ligamentos e fáscias da mulher estão bastante prejudicados , ou com grandes prolapsos (Estadio 3 ou 4) ou ainda a mulher já fez cirurgia e teve recidiva do prolapso.
Nestes casos a tela sintética pode ser indicada como uma substituição dos ligamentos e fáscias.
Apesar de serem cirurgias com baixos índices de recidiva, deve-se levar em conta o desejo reprodutivo, idade, doenças prévias como diabetes ou outras doenças com baixa imunidade.
Os principais riscos possíveis do uso de telas sintéticas são: infecção, rejeição, extrusão e dor.
Apesar de ter sido introduzida há quase 150 anos, a
colpocleise continua atendendo às expectativas dos pacientes quanto ao manejo do prolapso uterino devido ao baixo risco de complicações intra e pós-operatórias.
A colpocleise é uma
opção cirúrgica obliterante que envolve a sutura das paredes da vagina para ocluir completamente o canal vaginal e fornecer suporte muscular para o restante dos órgãos pélvicos. Com isso o útero volta para o lugar e não tem mais o espaço da vagina para cair novamente.
Como é um procedimento que fecha a vagina, é ideal para aquelas pacientes que não desejam ter relações sexuais vaginais no futuro.
Nos casos de mulheres com útero, existe também a possibilidade de fazer a histerectomia (retirada do útero no mesmo tempo cirúrgico), mas isso aumenta o tempo e a morbidade da cirurgia, por isso é ideal em mulheres que, ou já tenham realizado histerectomia em algum momento, ou que não tenham lesões uterinas ou risco para tê-las.
Como vimos, o diagnóstico é frequente em mulheres com mais de 40 anos, mas está cada vez mais prevalente em mulheres mais jovens, o que reforça ainda mais a necessidade de conhecimento sobre o assunto.
Para saber o melhor
tratamento para prolapso uterino, é fundamental consultar um médico uroginecologista para um diagnóstico preciso de quais são as disfunções de assoalho pélvico no seu caso. Ainda, a relação médico paciente é primordial para que você consiga comunicar suas expectativas com o tratamento e ter uma conduta mais personalizada e humanizada para o seu caso.
Na Clínica Alira temos uma equipe completa de profissionais especializados para o tratamento do prolapso uterino, seja Uroginecologistas, Fisioterapeutas Pélvicos e Nutricionistas. Agende sua avaliação e confira
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