> ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NA ENDOMETRIOSE
A dor pélvica é um sintoma que pode literalmente tirar o sono de muitas mulheres. Estudos estimam que até 80% das mulheres que sofrem de dor pélvica crônica têm alterações do sono (1). E porque isso acontece? Qual a relação entre alterações do sono e dor? É possível melhorar?
Neste texto revisamos a literatura médica para trazer informações a respeito desse tema!
Pelo menos 50% das pessoas que têm insônia sofrem de dor crônica (2). Diversos estudos já mostraram a associação de distúrbios de sono, especialmente a insônia, com o aumento da sensação de dor. Mesmo em pessoas saudáveis, sem nenhuma doença ou problema de saúde, a má qualidade de sono impacta negativamente na percepção de dor. Outros estudos mostram que pessoas com insônia têm muito mais chance de desenvolver quadros de dor crônica após 10 anos, como fibromialgia, do que aquelas pessoas com boa qualidade de sono (3).
Resumindo, quadros de alterações do sono, especialmente insônia, são capazes de aumentar a intensidade de uma dor já estabelecida, desencadear novos episódios de dor, além de ser fator de risco para aparecimento de novos quadros de dor a longo prazo.
Quem sofre com mais dor, como consequência pode ter mais alterações de sono? Sim , principalmente se as dores forem muito intensas e mais agudas. Mas, a relação da dor gerar alterações do sono é mais fraca do que as alterações do sono gerar mais dor.
Um estudo com pessoas saudáveis mostrou que a privação de apenas 4 horas de sono por 2 dias consecutivos foi suficiente para que essas pessoas reportassem quadro de dor em algum lugar no corpo. E isso tende a aumentar conforme o número de noites com sono parcial aumenta (4). Esse mesmo efeito foi visto em outro estudo, que comparou pessoas saudáveis com pacientes com artrite reumatóide, doença que costuma causar muitas dores em articulações. Somente 1 dia de privação parcial de sono foi suficiente para que esses pacientes com artrite referissem um aumento da sensação de dor, fadiga, depressão e ansiedade. Esse efeito não foi observado nas pessoas saudáveis que participaram do estudo (5).
No nosso corpo temos um sistema de nervos sensoriais que leva o sinal de dor ao nosso cérebro, mostrando onde no nosso corpo onde a dor está. Mas além disso, também há um mecanismo no nosso cérebro que, ao receber esse sinal do nosso corpo, irá mandar outro na sequência, dizendo que a dor não é tão intensa assim. É o que chamamos de sistema inibitório da dor (6).
Outro mecanismo em estudo é a associação do sono com a produção de um neurotransmissor chamado Dopamina. A Dopamina é o principal neurotransmissor associado ao bem estar. Estudos já mostraram que pacientes com dor crônica têm menor quantidade desse neurotransmissor. Mas ainda não está claro se a privação do sono também influencia na menor produção da Dopamina.
Se você se identificou com o problema de ter dor pélvica crônica, ou qualquer tipo de dor, e considera que tenha uma má qualidade de sono, uma das primeiras medidas para impactar positivamente a sensação de dor é melhorar seu sono. Então segue algumas dicas práticas para fazer uma higiene do sono:
Essas dicas podem te ajudar a melhorar a qualidade do sono. Mas para algumas pessoas não é o suficiente, e um acompanhamento com especialista em sono pode ser necessária, especialmente em casos de insônia mais severa, ou mesmo outras alterações do sono como a apnéia.
Alterações da qualidade do sono não estão associadas somente com quadros de dor, mas também é fator de risco para diversos outros problemas de saúde, como obesidade, diabetes e hipertensão. Essas doenças são as principais causas de complicações cardíacas, como infarto cardíaco e derrame, que é a principal causa de mortalidade na população.
Portanto, cuidar da qualidade do seu sono é cuidar da sua saúde e do seu bem estar!
Dr Tomyo Arazawa
Ginecologia e Obstetrícia
Endoscopia Ginecológica
CRM-SP 120.351
RQE 34.728-1
Referências: