Os benefícios da amamentação
A amamentação é um processo que não oferece benefícios somente para o bebê, mas para a mãe, que se encontra em um período ainda de recuperação pós-parto e o seu corpo precisa retornar ao seu estágio inicial.
1- Benefícios para o bebê
O leite materno é considerado um alimento completo, tanto que, até os 6 meses, indica-se que ele seja a única fonte de nutrientes do bebê.
Além de ser puro, quentinho e de fácil digestão, ele é rico em anticorpos,
possuindo a capacidade de proteger a criança de diversas doenças
, além de influenciar diretamente no seu desenvolvimento.
Assim, os principais benefícios da amamentação para o bebê são:
- Alimento completo com todos nutrientes necessários até 6 meses;
- Protege contra infecções, alergias e diarreia;
- Reduz os riscos de diabetes, hipertensão, obesidade e colesterol alto;
- Influencia diretamente no desenvolvimento cognitivo e emocional;
- Ajuda a criança a ter dentes bonitos;
- É uma das formas de aumentar o vínculo mamãe-bebê;
- Auxilia no desenvolvimento da fala e da respiração adequada.
É recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria que até os 6 meses, o bebê com bom desenvolvimento e ganho de peso seja alimentado exclusivamente de leite materno, não necessitando nem de água. Após este período inicia-se a complementação da alimentação com comidas saudáveis, mas o ideal é que a amamentação seja substituída gradativamente mas continue até os 2 anos de idade.
Nesse processo alimentar, é essencial contar com o auxílio do pediatra e um nutricionista especializado, a fim de que não haja nenhum tipo de desnutrição.
2- Benefícios para a mãe
Muitas mães demoram para se adaptar ao fato de sua gestação ter terminado e a amamentação acaba sendo um processo muito positivo para
manter essa dependência e proximidade com o seu bebê.
Junto a isso, física e fisiologicamente falando, ela auxilia na recuperação do tamanho do útero e do peso corporal, além de reduzir a chance de alguns problemas e doenças surgirem, como:
- Hemorragias;
- Anemia;
- Diabetes;
- Câncer de mama e de ovário.
Como amamentar e evitar incômodos na mama
Preparo das mamas:
O que muitas mulheres desconhecem é que o processo da amamentação começa com um preparo das mamas na própria gestação! Para a pele do mamilo ficar mais forte e resistente. Para evitar rachaduras existem algumas dicas:
- Exposição dos mamilos à luz: de preferência luz solar, mas sabemos que nem sempre é possível tanto por contar com a previsão do tempo quanto pela falta de local socialmente apropriado. A alternativa é utilizar lâmpadas apropriadas, deixar os mamilos expostos a 15 cm da luz por 15 minutos (converse com seu médico a melhor forma de realizar e tome muito cuidado com queimaduras!)
- Estímulo tátil: a fricção suave nos mamilos com as mãos ou um pano ajuda a preparar o mamilo (cuidado para não machucar os mamilos com este exercício)
- Uso de pomadas a base de lanolina: utilizar mínima quantidade nos mamilos após a exposição à luz ou após o banho ou já na amamentação após a cada mamada.
Assim que o bebê nasce há a saída de colostro pelos mamilos (estimulado pelo hormônio ocitocina que foi liberado no parto) que é rico em anticorpos para o bebê. Após 3 a 4 dias do nascimento há a descida do leite (chamado apojadura). Esta é uma fase delicada na amamentação pois o corpo ainda não regulou a produção de leite adequada para o bebê. As mamas geralmente ficam mais inchadas e duras o que também dificulta a pega correta. O preparo das mamas nesta fase torna-se fundamental para evitar fissuras e mastites.
O leite parado nas mamas fica em forma de gel, a dica é logo antes de oferecer o peito para o bebê é chacoalhar a mama até sentir que ela está molinha, pois é quando o leite está mais líquido e flui com facilidade pelos mamilos
Posições:
Existem diversas posições para se amamentar, mas a considerada ideal é aquela que não machuca o peito da mãe, que é confortável para o bebê e que torna esse processo prazeroso para ambos. Alguns exemplos de posição para amamentar:
- Tradicional: mamãe sentada com as costas bem apoiadas segurando o bebê com o braço apoiado na frente do corpo (barriga do bebê encosta na barriga da mamãe);
- Invertido: mamãe sentada com as costas bem apoiadas segurando o bebê com a cabeça pra frente e o corpo na lateral do corpo em cima de um apoio;
- Cavaleira: o bebê fica sentado de frente para a mamãe para mamar. É uma boa posição para quando o bebê já sustenta a cabeça sozinho;
- Deitada: não é a posição mais recomendada pois o risco de fazer a pega correta nesta posição é menor e portanto maior chance de fissuras e mastites, mas quando bem orientadas algumas mulheres tem preferência desta posição pela prática noturna.
De forma geral, o bebê deve ficar virado para a mãe, bem próximo ao seu corpo e com os braços livres. Sua cabeça deve ficar de frente para o peito, enquanto seu nariz deve estar alinhado ao mamilo.
Pega correta:
A pega correta é o ponto chave para uma amamentação tranquila!
Para evitar desconfortos e machucados
, o bebê deve estar com a boca bem aberta, o peito deve entrar bem fundo na boca do bebê, englobando grande parte da aréola (mais a parte de baixo que a parte de cima), sendo que o mamilo deve encostar no seu palato mole. O lábio inferior do bebê evertido, queixo encosta na mama e o nariz fica livre para respirar. O bebê não pode produzir som ao mamar, exceto o som de engolir o leite.
O maior erro é permitir que o leite seja sugado sem o encaixe ideal da mama, e a forma errada pode levar ao surgimento de machucados e causar dor. Isso se agrava com o fato do bebê precisar mamar sempre que tiver fome ou sede, pois diminui o tempo para tratar os machucados dessa mama.
As rachaduras costumam ser as maiores reclamações femininas nesta fase. Há algumas
dicas caseiras e mudanças de hábito
que podem ser úteis para minimizar as dores, como:
- Lavar as mamas somente com água;
- Tomar 15 minutos de banho de sol com os seios expostos, que pode ajudar na cicatrização;
- Pomadas a base de lanolina nos mamilos após as mamadas;
- Passar leite materno na região afetada;
- Tomar analgésico antes de amamentar;
- Não deixar as mamas molhadas e abafadas, ideal é ficar com as mamas livres quando estiver em casa principalmente nos primeiros dias, pode-se usar absorventes ou conchas somente com a orientação médica.
A pega pode ser dificultada também quando o leite está empedrado, e além disso, este pode ser um causador das infecções da mama (mastites). Para evitar, o ideal é chacoalhar as mamas antes de cada mamada como dito anteriormente, mas se isso não for suficiente pode-se massagear o local empedrado até sentir a região mais molinha, deixar cair água morna ou compressa morna e continuar oferecendo a mama para amamentar para não empedrar de novo.
Como cada caso é específico, é essencial buscar o auxílio de um médico ou profissionais especializados em amamentação, que irá orientar sobre o melhor tratamento visando à recuperação saudável e rápida da região.
Como conciliar trabalho com amamentação
Pela lei trabalhista, a mulher tem direito à
licença-maternidade
de 120 dias e em algumas empresas pode chegar a 180 dias. Neste período, ela pode se dedicar integralmente ao seu bebê e ter a sua remuneração normal.
Após esse período, porém, começam a surgir muitas dúvidas sobre como manter a rotina de amamentação. Muitas mulheres conseguem flexibilizar seu horário de trabalho ou então reduzir a quantidade de horas diárias.
Porém, esse cenário ainda é minoria e uma alternativa é
armazenar o leite
. Isso pode ser feito usando as mãos, fazendo um movimento de “ordenha”, ou com a bombinha para sugar.
Esse leite deve ser estocado em um frasco de vidro com tampa devidamente esterilizado ou saquinhos apropriados e pode ser guardado por 24 horas na geladeira ou por 15 dias no freezer.
Na hora de dar o leite para o bebê, porém, há algumas dicas imprescindíveis:
- Aqueça o leite em banho-maria (evite colocar no micro-ondas);
- Ofereça para o bebê o leite em um copo.
Se possível, evitar que o leite seja dado em uma mamadeira.
Segundo o
Ministério da Saúde
, como a sucção é diferente, existe a possibilidade de que o bebê passe a rejeitar o peito, prejudicando no processo natural de amamentação.
Para mais dúvidas, conte sempre com a ajuda de um
ginecologista e obstetra
.
Como funciona a doação de leite?
Muitas mulheres produzem leite em excesso e não imaginam o quanto isso poderia ajudar na nutrição de diversos bebês que se encontram internados em unidades neonatais brasileiras.
No caso, muitas vezes, eles não se alimentam adequadamente por não conseguirem sugar o peito de suas mães ou porque elas não produzem uma grande quantidade.
Para se ter uma ideia,
um litro de leite materno pode alimentar até dez recém-nascidos por dia
, além de auxiliá-los a se desenvolver com saúde.
Assim, mães saudáveis e que não tomam nenhum tipo de medicamento podem procurar o
Banco de Leite Humano
da sua região e realizar a doação. Esse leite é analisado, pasteurizado e submetido a um controle de qualidade bem rigoroso.
Desta forma, se a amamentação já é uma prova de amor e carinho, com esse aspecto social ela se torna ainda mais bonita, visto que ela ganha a capacidade de salvar outras vidas.
Perguntas e respostas sobre a doação de leite
Com o aumento do interesse das mulheres em doar leite, começam a surgir diversas dúvidas a seu respeito, principalmente porque muitas delas ainda estão em processo de amamentação e não querem ter o seu bebê prejudicado.
Confira abaixo algumas das perguntas mais comuns!
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Quantas vezes a mulher pode doar leite?
A mulher que está amamentando pode doar quanto leite quiser, pois não há riscos da sua produção estancar.
Na verdade,
quanto mais a mama é estimulada
, seja manualmente ou através do próprio bebê, mais ela é capaz de produzir leite.
-
Há algum processo de higiene pessoal recomendado antes de coletar o leite?
Sugere-se que, antes de iniciar a coleta do leite, a mulher esteja com seus cabelos presos, seu nariz e sua boca tampados com máscara ou algum pano, seus braços e mãos estejam devidamente higienizados e sua mama tenha sido lavada com água e esteja seca.
-
Qual a forma adequada de guardar o leite?
Primeiro, o pote deve ter sido
fervido por 15 minutos
e deixado secar naturalmente com a sua abertura voltada para baixo. Depois disso basta coletar o leite, dispor no pote e tampá-lo bem.
É imprescindível que a data e hora em que esse processo foi realizado sejam devidamente anotadas para que haja maior controle. Após isso, basta levar ao freezer, lembrando que ele tem que ser mantido congelado no trajeto até o Banco de Leite Humano pois, caso ele descongele, não poderá ser levado ao congelador novamente.
Toda mulher que esteja amamentando é uma candidata em potencial
à doação de leite materno. Exige-se somente que a mãe seja saudável, não seja portadora de alguma doença transmissível e não esteja tomando medicamentos que interfiram na produção láctea.
Nesse ponto, ainda, há algumas restrições quanto ao uso de tintura. Assim como ocorre na gravidez, deve-se evitar
pintar o cabelo
com produtos químicos, mesmo que os prejuízos ao bebê não sejam totalmente comprovados.
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Depois da gravidez, a amamentação é um dos momentos mais íntimos e importantes que a mãe compartilha com seu bebê. Através do leite materno a criança recebe os nutrientes necessários para se manter saudável e forte.
Nesse cenário, surge a importância, ainda, de se fazer a doação de leite. Para se ter uma ideia, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano consegue suprir a necessidade de somente 60% dos recém-nascidos.
Isso torna necessário um maior engajamento entre as mães que estão amamentando, visto que muitas vidas ainda precisam ser salvas.