Mais frequente entre mulheres de 25 a 35 anos, a endometriose é um problema de saúde que pode se apresentar de diversas maneiras. Existe, por exemplo, a endometriose superficial, a ovariana e a profunda. 

Com isso, muita gente nos pergunta quais são as opções para controlar a doença e a possibilidade de um tratamento medicamentoso sempre vem à tona. Existem sim possibilidades de tratamentos medicamentosos para endometriose

É necessário avaliar a paciente como um todo considerando doenças associadas, contraindicações específicas, restrições pessoais e/ou desejo da paciente para que o(a) Ginecologista especialista em endometriose planeje a estratégia medicamentosa. 

Por isso, acompanhe-nos nesta leitura e tire todas as suas dúvidas sobre o assunto!

Existe tratamento medicamentoso para endometriose?

Por ser uma doença crônica, a endometriose pode ter os seus sintomas controlados com a ajuda, inclusive, do tratamento medicamentoso.

Abaixo, apontaremos quais são os tipos de tratamentos mais usados e as suas aplicações.

Analgésicos e novas terapias

Analgésicos e antiinflamatórios podem auxiliar no controle de sintomas agudos da endometriose. São comercializados em farmácias e, embora não precisem de receita médica para compra, podem possuir efeitos colaterais graves quando usados em excesso e se forem de rotina, por isso é preciso de orientação médica. 

No geral, os analgésicos/antiinflamatórios são recomendados para o controle de episódios de dor. Além disso, são comumente usados para prevenir o sangue de coagular.

Ou seja: diretamente, esse tipo de tratamento medicamentoso não auxilia no tratamento dos focos de endometriose em si, mas sim no controle da dor.

Outras terapias específicas medicamentosas também podem ser utilizadas para controle de sintomas, como:

• medicações específicas para controle de dor e/ou sintomas urinários;
• medicações específicas com intenção de dessensibilização central da dor (quando a dor é crônica, alguns circuitos neuronais de dor podem ser ativados e permanecerem ativados mesmo com estímulos menores. Ou seja, um estímulo pequeno pode causar uma dor exacerbada. E, para isto existem medicações que reduzem a ativação destas vias hiperestimuladas específicas);
• medicações específicas para auxiliar no controle de dores miofasciais (contraturas musculares), muito presentes como componente de dor crônica das pacientes com endometriose;
• óleo de canabidiol para uso terapêutico.

Terapia hormonal

Esse tipo de tratamento medicamentoso para endometriose é um dos principais recursos para auxiliar no controle dos sintomas da doença. Não apenas na dor, mas potencialmente nos sintomas urinários, intestinais, sangramentos irregulares. 

A ação dos tratamentos hormonais é a supressão dos hormônios produzidos pelos ovários, especialmente o estrogênio, que é um dos principais estímulos aos focos da doença. 

Vale lembrar que não é indicado caso a mulher tenha o desejo de engravidar, uma vez que essa forma de terapia hormonal pode suprimir  a produção de hormônios nos ovários, prevenindo a ovulação e também a menstruação.

Importante lembrar alguns pontos específicos sobre o tratamento hormonal para endometriose que podem gerar muitas dúvidas. 

1.  O tratamento hormonal não necessariamente controla a progressão da doença para todas as pacientes, então o foco do seu uso é para controle de sintomas;
2.  Não existe um hormônio melhor que o outro. 

Os principais estudos mostram bom controle dos sintomas da endometriose  com todos os tipos de hormônios e vias:

• oral com progestagênio (ex.: cerazette);
• oral combinada estrogênio + progestagênio (ex.: selene ou diane);
• anel vaginal;
• adesivo;
• injetáveis;
• implante de progesterona.

3- O que vai definir qual o melhor tipo de tratamento hormonal para a paciente? 

Alguns pontos específicos, como:

• preferência da paciente;
• freqüência de uso (ex.: oral é diária, anel e injetável é mensal, adesivo é semanal, etc);
• contraindicações a métodos específicos;
• utilização para controle de outras queixas além da endometriose (ex.: espinhas, desejo de contracepção, redução de inchaço, etc).
  
  

Abaixo vamos elencar alguns dos tratamentos hormonais mais comuns 

Pílula anticoncepcional

A  pílula anticoncepcional pode ser utilizada para controle de sintomas da doença. Existem pílulas contendo apenas progestagênios e pílulas contendo etinilestradiol ou estrogênios naturais (valerato de estradiol) associados aos progestagênios. 

Todas elas possuem os mesmos efeitos para tentativa de controle dos sintomas da endometriose, e o que vai guiar a escolha pelos tipos específicos de pílulas é a tolerância aos efeitos colaterais e/ou efeitos colaterais desejados para aquelas pacientes. 

Dienogeste

O dienogeste é uma progesterona específica desenvolvida para controle dos sintomas da endometriose. Existem alguns pontos que devem ser considerados durante a prescrição do mesmo: 

• pelos trabalhos, não se mostrou MELHOR que todos os outros métodos para controle dos sintomas! Ou seja, é mais uma opção e não A MELHOR opção;
• apesar de bloquear a ovulação em algumas pacientes, não deve ser usado com a intenção contraceptiva (não bem estabelecido a taxa de falha como para outros métodos).

 Diu Mirena

O Dispositivo intrauterino contendo levonorgestrel pode auxiliar também no controle de sintomas da doença para algumas pacientes. Algumas considerações sobre o mesmo: 

• não é melhor opção para os endometriomas (cistos de endometriose nos ovários), por não bloquear o eixo hormonal e consequentemente não auxiliar no controle de crescimento;
• pacientes com dor miofascial e contratura da musculatura do assoalho pélvico podem apresentar desconforto maior com o mirena, por isso outras opções podem ser mais adequadas;
• pode ser uma boa opção para pacientes com endometriose inicial e adenomiose associada.

Análogo de GnRH ( Zoladex)

São medicações que também bloqueiam o eixo hormonal, mas NÃO é mais eficaz que outras opções para controle de sintomas. Deve ser utilizado em casos muito selecionados e com cautela, pois causa efeitos colaterais importantes: calorões, perda de massa óssea, ressecamento vaginal. 

Confira:

Quando procurar um médico?

Você deve saber que a endometriose é uma doença silenciosa, muitas vezes, primeiro se apresentando de forma assintomática. É isso, inclusive, que tende a prorrogar um  diagnóstico antecipado da doença.

Contudo, a periodicidade de consultas com médicos especialistas permite que você tenha um acompanhamento próximo e multidisciplinar. Isso garante mais cobertura e atenção para identificar qualquer tipo de situação fora do comum.

Além disso, vale a pena ficar de olho nos sinais e sintomas apresentados pelo corpo. Afinal de contas, a endometriose apresenta diferentes sintomas depois que abandona a presença silenciosa, como:

• dor e sangramentos (intestinal e urinário) no período de menstruação;
• dispareunia, que é a dor sentida durante a relação sexual;
• cólica menstrual (dismenorreia);
• infertilidade;
• sintomas urinários e intestinais.

O tratamento medicamentoso é o melhor contra a endometriose?

Você deve ter visto, ao longo deste texto, que o tratamento medicamentoso é uma alternativa de alívio dos sintomas. Além disso, a melhor forma de lidar com as lesões causadas pela doença é por meio da intervenção cirúrgica.

Hábitos saudáveis, como exercícios físicos e uma alimentação equilibrada, ajudam na manutenção da saúde e da qualidade de vida.

Ter especialistas ao seu redor e cientes de sua condição é uma maneira eficiente de diagnosticar e tratar os problemas com agilidade e precisão.

No caso da endometriose, fica mais fácil identificar o tratamento medicamentoso menos impactante na sua saúde e com benefícios no alívio de sintomas.

É por isso que uma equipe médica multidisciplinar funciona de maneira tão positiva no tratamento. A Alira Clínica é especialista neste tipo de abordagem, destacando-se por meio de uma atuação diferenciada e personalizada para cada situação.

Para entender melhor como uma equipe multidisciplinar pode atuar para promover sua saúde e bem-estar — inclusive, no que diz respeito ao tratamento medicamentoso contra a endometriose —, confira nosso artigo sobre o assunto!

Responsável Técnico:
Dr. Giuliano Borelli

CRM-SP: 116.815 | RQE: 55.634