> ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NA ENDOMETRIOSE
Esta é a pergunta que aflige a maioria das mulheres que querem engravidar e são diagnosticadas com a doença.
A preocupação tem fundamento já que a doença aparece como grande vilã, sendo a maior causa de infertilidade feminina: mais de seis milhões de brasileiras na faixa etária de 20 a 40 anos são diagnosticadas com a doença, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE). Porém, com o diagnóstico precoce e tratamento adequado , é possível realizar o sonho da maternidade, mesmo após a doença detectada.
Muitas famosas são prova disso – como a cantora Wanessa Camargo e a triz Adriana Esteves – que conseguiram engravidar e ressaltam a importância da prevenção e de visitas periódicas ao ginecologista.
Vale dizer que o Brasil é referência internacional no tratamento e qualidade de vida de pacientes com endometriose. Quando a mulher já tem o diagnóstico de endometriose antes de tentar engravidar, é preciso primeiro avaliar o quanto que esta doença está afetando sua qualidade de vida.
Nos casos mais leves, em que os sintomas de dor e cólicas é considerado suportável pela paciente, é possível manejar os sintomas com analgésicos e aguardar o período de tentativas espontâneas do casal. No caso de insucesso de gestação, ou seja, infertilidade, um tratamento mais específico fica indicado, como a vídeo-laparoscopia ou tratamentos de medicina reprodutiva, dependendo do quadro de cada casal.
Nos casos de endometriose mais avançada, a probabilidade de gravidez espontânea é mais baixa, porém não é nula. Nesses casos, o mesmo raciocínio de casos leves é válido, porém na maioria deles pode ser necessário o tratamento cirúrgico ou tratamentos de medicina reprodutiva, como a Fertilização in Vitro.
Vale a pena ressaltar que tratamentos medicamentosos, como anticoncepcionais, injeções e dispositivos intra-uterinos medicados não mostram impacto significativo na melhora da fertilidade de mulheres com endometriose. Além do que esses métodos são na sua maioria anticoncepcionais, e portanto não são indicados em pacientes que estão tentando engravidar.
Por três principais motivos:
-Primeiro, porque quando o endométrio começa a crescer em locais como trompas e ovário, há inflamação e por consequência, um processo espontâneo de cicatrização, o que gera mudanças anatômicas que impedem o total funcionamento das trompas, responsáveis pelos primeiros acontecimentos da fecundação.
-Segundo, pelo fato do processo inflamatório poder afetar a qualidade do óvulo e a capacidade do embrião aderir ao útero.
-Terceiro, pela redução da reserva de óvulos da mulher, principalmente quando a endometriose afeta diretamente os ovários, formando os cistos chamados de endometriomas.
O importante é sempre fazer o acompanhamento médico e seguir o tratamento adequado, não apenas para mulheres que desejam engravidar, mas para garantir a qualidade de vida, uma vez que a endometriose é responsável não apenas pela infertilidade, mas também por outros sintomas que podem impactar a qualidade de vida da mulher e do casal.
* Dr. Tomyo Arazawa é ginecologista e obstetra, e especializou-se em cirurgias minimamente invasivas como cirurgias robóticas, video-laparoscópicas e video-histeroscópicas (os quais incluem as cirurgias de endometriose), e em medicina reprodutiva. É membro da Sociedade Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (SOGESP), da American Society for Reproductive Medicine (ASRM), da American Association of Gynecologic Laparoscopists (AAGL) e da International Pelvic Pain Society (IPPS).