> ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NA ENDOMETRIOSE
Você sabe o que é endometriose profunda e por que ela exige atenção entre as mulheres?
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a endometriose tem prevalência de 10% na população feminina. Além disso, 30% a 60% dos casos de infertilidade estão relacionados a ela. A manifestação profunda é a forma mais avançada da doença, que ocorre quando um tecido semelhante ao endometrial (camada interna do útero) atinge uma profundidade do tecido maior que 5 mm.
Mas afinal, o que isso significa? A seguir, entenda melhor como ocorre a patologia, quais são os seus sintomas, principais riscos e meios de combatê-la.
De forma resumida, a endometriose ocorre quando células muito semelhantes às do endométrio surgem em locais fora do útero. Sua origem e evolução dependem de diversos fatores (multifatorial), como fatores hormonais, genéticos, imunológicos, inflamatórios, ambientais e a alterações celulares (biomoleculares).
Como já mencionamos no blog, existem diversos
tipos de endometriose, com sintomas variáveis e locais diferentes onde alocam-se as células endometriais.
Porém, o fator que define o que é endometriose profunda é a
infiltração dessas células no peritônio
(membrana que envolve os órgãos na pelve e no abdome) em
profundidade igual ou maior que 5mm.
Lesões de endometriose superficial, visualizadas no intraoperatório da laparoscopia, conferindo aspecto “salpicado” esbranquiçado no peritônio (camada que reveste as estruturas da pelve).
Lesão de endometriose profunda, com aspecto de “retração” na região do ligamento uterossacro esquerdo, aderido à alça intestinal.
Geralmente, a condição afeta os órgãos que estão presentes ou próximos desta área, como intestino, bexiga, ligamento útero sacro, vagina e parte posterior do colo do útero.
Imagem retirada do Livro Williams, Gynecology- segunda edição. Representando a pelve lateralmente e os principais locais que a doença pode acometer.
A manifestação profunda pode ocasionar sintomas sugestivos da doença por alguns motivos específicos:
Além de comprometer a qualidade de vida da mulher,
a presença da doença pode causar infertilidade, especialmente quando o diagnóstico e o tratamento são instituídos tardiamente. Quando isso ocorre, pode estar relacionado a alguns fatores:
A maioria das pacientes com endometriose profunda possuem sintomas da doença, mas cerca de 5% delas são totalmente assintomáticas, de acordo com dados publicados pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
A falta de sintomas pode dificultar o diagnóstico, no entanto,
o mais comum é que a doença tenha
sintomas e sinais característicos,
que variam de acordo com o órgão acometido.
Sintomas são as queixas que a paciente refere durante a consulta. E o sinais são achados ao exame físico, que reforçam a hipótese de ser endometriose. Os principais deles são:
Quando os sinais da endometriose começam a surgir e ainda não são graves, é comum que as mulheres os confundam com os desconfortos gerados pela menstruação.
Sabendo o que é endometriose profunda e os riscos de seu avanço, é
imprescindível realizar uma investigação adequada sempre que dores ou alterações forem identificadas no dia a dia.
Isso também reforça a importância das
consultas regulares ao ginecologista, que deve levantar a possibilidade da doença na presença após realização de história clínica e exame físico adequado.
Após levantada a hipótese diagnóstica de endometriose, exames de imagem são necessários para que o diagnóstico seja confirmado.
Os principais deles são o
ultrassom transvaginal e/ou a ressonância magnética, ambos com preparo do intestino (esvaziamento da parte final do intestino com preparo medicamentoso pré exame). Eles podem ou não ser associados, dependendo de cada caso avaliado, para
garantir uma identificação precisa da patologia e dos locais de acometimento da doença.
Imagem cedida pela Dra. Luciana Chamiè, radiologista especialista em endometriose, realizada por meio de ultrassom transvaginal mostrando infiltração da doença em camadas mais profundas do intestino
Imagem retirada do Livro Williams, Gynecology- segunda edição. Representando na seta amarela, nódulo de endometriose infiltrando a parede do abdome.
Ambos os exames, quando realizados com preparo intestinal adequado, e por radiologistas especializados e treinados para identificar a endometriose, têm excelentes taxas de diagnóstico da doença profunda. De acordo com alguns estudos, o ultrassom transvaginal pode ter sensibilidade discretamente maior para detecção da doença, além de ser um exame sem utilização de contraste e mais acessível em termos de custo.
Desta maneira, atualmente damos prioridade para solicitação do ultrassom transvaginal realizado por especialista para diagnóstico da doença. Em alguns casos, solicitamos a ressonância magnética de maneira associada ou isoladamente, como em suspeita de lesões diafragmáticas, de lesões profundas acometendo nervos e assoalho pélvico, ou em casos de pacientes virgens, que não desejam realizar o ultrassom transvaginal.
Agora que você já sabe o que é endometriose profunda e quais os seus principais sintomas, vamos abordar brevemente como funcionam as alternativas de tratamento para a doença.
De maneira geral,
o objetivo das intervenções é proporcionar alívio para as dores pélvicas e sintomas associados, prevenir recorrências e resolver casos de infertilidade e melhorar a qualidade de vida da paciente.
Da mesma maneira que a doença depende de diversos fatores para ocorrer, possui manifestações múltiplas, o tratamento também deve englobar diversas frentes: tratamento clínico, cirúrgico, e sempre envolvendo a equipe multidisciplinar (nutrição, fisioterapia pélvica, acupuntura, osteopatia, cirurgião do aparelho digestivo, especialistas em dor) . A localização e extensão da doença, definidos a partir da avaliação clínica e dos exames de imagem citados anteriormente, também são essenciais para definirmos condutas adequadas.
Os principais protocolos mundiais , também adotados
Febrasgo, advogam que a cirurgia pode ser benéfica para
remover implantes endometriais, restaurar a anatomia comprometida e reduzir a inflamação pélvica e consequentemente os sintomas, sendo indicada especialmente nos casos em que:
Todos os tratamentos ou condutas operatórias devem ser individualizadas e as
decisões terapêuticas devem ser personalizadas e compartilhadas junto às pacientes, que precisam estar cientes sobre suas condições, benefícios e possíveis riscos para que sejam sempre protagonistas da sua própria saúde.
Conforme abordamos ao longo deste artigo, a endometriose é uma doença prevalente em 1 a cada 10 mulheres, que pode comprometer de maneira significativa a qualidade de vida da mulher, tanto nas manifestações superficiais quanto na manifestação profunda.
O diagnóstico e a instituição de tratamento precoce são indispensáveis para minimizar a gravidade da patologia. Isso significa que toda mulher deve buscar ajuda médica especializada caso perceba alguma alteração em seu organismo. Deste modo, autoconhecimento ao seu próprio corpo, escutar sempre os sinais que ele te dá de que algo não vai bem, além de
consultas regulares ao ginecologistas são fundamentais. Se sentir algum sintoma sugestivo da doença, procure uma equipe que te acolha e que seja especialista. É possível viver bem e com qualidade de vida!
Se você gostou de saber mais sobre o que é
endometriose profunda, não deixe de informar-se sobre outros temas tão importantes quanto esse. Continue acompanhando os conteúdos de nosso
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contate nossa equipe
caso tenha qualquer dúvida sobre o assunto.
Referências bibliográficas: