> ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NA ENDOMETRIOSE
Você provavelmente já sentiu ou ouviu falar de dor no “pé” da barriga, ou dor pélvica. Isso porque cerca de um terço das queixas em consultórios médicos correspondem a esse sintoma.
A dor pélvica é algo relativamente frequente. Praticamente toda mulher pode experimentar ao longo da vida, sem que isso signifique grandes complicações. Mas, é preciso estar atenta pois a investigação e acompanhamento é necessária na maioria das vezes.
Neste artigo, eu, Dr Tomyo Arazawa, explico um pouco mais sobre as principais causas de dor pélvica na mulher. Se quiser saber mais sobre o assunto, me acompanhe no Instagram @drtomyo !
A dor pélvica pode se manifestar como um leve desconforto, ou como dores fortes e limitantes. Ela pode ser aguda, que aparece de forma mais repentina e isolada. Ou pode ser crônica, que tem duração de pelo menos 3 a 6 meses.
Útero, ovários, tubas uterinas, intestino, bexiga e vagina são os órgãos encontrados na região da pelve, além de ossos, nervos, vasos sanguíneos e diversos músculos. Por esse motivo, a origem da dor no baixo ventre varia bastante . Para um diagnóstico preciso, é importante realizar uma avaliação detalhada, identificar a localização exata do desconforto, sua intensidade, características e a presença de outros sintomas . A partir de então, exames complementares devem ser solicitados para confirmar as suspeitas e para descartar outras possibilidades.
Como já explicamos, algumas condições normais na vida da mulher podem causar esse tipo de desconforto. No entanto, existem doenças mais graves que precisam ser descartadas quando a dor na região do útero aparece. São alguns exemplos:
Durante a menstruação, o endométrio (tecido que reveste internamente o útero) é expelido por via vaginal junto ao sangue, quando a mulher não está grávida. A endometriose é uma doença inflamatória que ocorre quando esse tecido é encontrado fora do útero, geralmente na região da pelve. As lesões de endometriose podem se disseminar para outros órgãos, como ovários, tubas uterinas, bexiga, intestino e até nervos.
Por isso, esta é a principal causa de dores pélvicas nas mulheres, e é também a principal causa de infertilidade na mulher. Estima-se que aproximadamente 1 em cada 10 mulheres em idade reprodutiva tenham endometriose. Isso representa cerca de 7 milhões de brasileiras, e aproximadamente 176 milhões de mulheres no mundo.
Para tratar a doença, o médico pode sugerir cirurgia ou medicamentos, além de outras modalidades de tratamento. Além de dor pélvica e infertilidade, a endometriose compromete outros aspectos da vida da mulher, como a saúde emocional, social, profissional e sexual. Por isso os sintomas não devem ser menosprezados, e as pacientes com essa suspeita devem procurar atendimento de um especialista.
Adenomiose é uma doença semelhante a endometriose. Nessa doença, o endométrio, que é a camada interna do útero, aparece e cresce no músculo do útero. Isso resulta em sintomas como cólicas menstruais muito intensas. Outro sintoma bastante frequente é o aumento da quantidade de fluxo menstrual. O diagnóstico e tratamento da adenomiose é muito parecido com o da endometriose.
Cistos ovarianos são cistos que aparecem e crescem nos ovários. Podem ser cistos funcionais ou não funcionais. Os cistos funcionais aparecem e desaparecem espontaneamente, ou seja, são cistos normais. Os não funcionais aparecem e persistem por vários meses ou anos. Esses cistos são os que merecem mais atenção. Os dois tipos de cistos podem causar dor em baixo ventre, aguda ou crônica.
Cistos funcionais: cisto de ovulação ou cistos hemorrágicos. Os cistos hemorrágicos podem romper, causando hemorragia interna, e eventualmente requer cirurgia.
Cistos não funcionais: endometriomas ovarianos, teratomas (cistos dermóides), adenomas, entre outros.
O risco dos cistos não funcionais, especialmente dos teratomas, é de causar torção do ovário. A torção de ovário é uma das causas de dor pélvica aguda, e se não operada com urgência pode causar a perda do ovário por necrose.
Já o endometrioma ovariano está associado a presença de outras lesões de endometriose profunda na pelve. É um importante fator de infertilidade e não deve ser tratado somente como um simples cisto.
O mioma uterino é um tumor benigno que se desenvolve no músculo do útero. É extremamente frequente nas mulheres. Estima-se que até 50% das mulheres terão pelo menos 1 mioma por volta dos 40 a 50 anos de idade. Nesse caso, a dor no baixo ventre pode vir acompanhada de sangramentos intensos na menstruação, dor lombar e pressão na bexiga. O sintoma mais comum são cólicas intensas durante o período da menstruação.
A doença é tratada dependendo do histórico da paciente, do desejo de ter uma gestação e do tamanho, velocidade de crescimento e quantidade de miomas. As opções geralmente incluem cirurgia e medicamentos.
A Doenças Inflamatória Pélvica (DIP) é uma infecção causada por doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). É uma infecção causadas por bactérias que sobem da vagina para o útero, trompas, ovários e pelve. Geralmente, é causada pelas bactérias Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, a lém de outras possíveis (micoplasma, ureaplasma).
Além de dor em baixo ventre, é frequente o sintoma de dor durante as relações sexuais de profundidade, febre acima de 38°C e sangramento vaginal fora do período menstrual. O tratamento é feito com antibióticos.
Se não tratado adequadamente pode causar infertilidade e dor pélvica crônica. Por ser uma DST, a prevenção consiste no uso regular e adequado de preservativo, e o tratamento deve ser aplicado também ao parceiro ou parceira da paciente.
É uma das causas mais comuns de dor pélvica, quase sempre, está associada a um ardor ao urinar no canal da urina. Nesse caso, o incômodo pode ser muito forte, podendo ser acompanhada de mudança na cor e cheiro da urina. Quando associada a febre e dores na região das costas (lombar), pode sugerir uma infecção mais grave nos rins. Trata-se de um quadro agudo, mas que pode ser recorrente em algumas mulheres. O tratamento geralmente requer uso de antibióticos.
É frequente que no início da gravidez a mulher sinta dor no pé da barriga. O desconforto pode ser causado pela implantação do embrião no útero e, consequentemente, seu crescimento. A partir do segundo trimestre de gestação, essa dor pode ocorrer devido à compressão dos órgãos da região.
No entanto, ela também pode significar complicações como a gravidez ectópica (quando o óvulo fecundado é instalado fora do útero) . Esse quadro pode ser potencialmente grave pelo risco de hemorragia. Se você estiver grávida e apresentar um quadro de dor pélvica com sangramento, procure atendimento com seu médico ginecologista e obstetra.
A dor pélvica pode ser desde uma causa mais simples e pontual, como um quadro complexo e crônico. Além de uma avaliação adequada, o tratamento adequado irá minimizar o risco de complicações e sequelas para a vida da mulher. Por isso, especialmente nos casos de dores recorrentes, recomendo procurar uma avaliação especializada. Acredite nos sintomas que seu corpo está lhe mostrando, mesmo que exames iniciais e outras opiniões digam que está tudo normal. Muitas causas de dores pélvicas crônicas, como a endometriose, podem passar desapercebidas por muito tempo.