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Orientações Nutricionais na Endometriose

por Juliana Gropp CRN-SP: 16135


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Orientações Nutricionais na Endometriose


Introdução

A endometriose é uma das doenças mais prevalentes nas mulheres em idade reprodutiva. Estima-se que entre 7 a 10% de todas as mulheres tenham endometriose, ou seja, cerca de 1 em cada 10. Atualmente, é a principal causa de infertilidade feminina, além de ser a principal causa de dor pélvica nas mulheres. 

A endometriose é uma das doenças mais prevalentes nas mulheres em idade reprodutiva. Estima-se que entre 7 a 10% de todas as mulheres tenham endometriose, ou seja, cerca de 1 em cada 10. Atualmente, é a principal causa de infertilidade feminina, além de ser a principal causa de dor pélvica nas mulheres. 


Por ser uma doença crônica, o tratamento da endometriose deve ser feito durante toda a vida. E, hoje em dia, o papel da alimentação saudável como parte do tratamento está bem estabelecido. Manter uma boa dieta pode ter impacto significativo no controle dos sintomas.


Mas qual seria a relação entre alimentação e endometriose? Aqui vamos citar as principais associações entre elas:



  1. Os alimentos podem influenciar alterações hormonais. Um exemplo disso são as carnes vermelhas. Elas provocam a redução de transportadores de estrógeno em nosso organismo, fazendo com que este hormônio fique mais disponível. A endometriose é uma doença estrógeno-dependente e, quanto mais estrógeno disponível, maior o estímulo para a sua progressão.. As fibras, no entanto, por ajudarem a manter o funcionamento intestinal adequado, ajudam na eliminação do estrógeno através das fezes. 
  2. Além disso, os alimentos podem interferir em processos inflamatórios em nosso corpo. Alguns tipos de gorduras podem aumentar a produção de prostaglandinas pró-inflamatórias. Estas substâncias podem fazer com que a mulher sinta mais dor, por exemplo. E, por aumentar a inflamação, podem agravar a doença. O óleo de peixe, por outro lado, pode provocar a redução de marcadores inflamatórios e de sintomas relacionados à inflamação. Por essa razão, está associado à melhora de cólicas menstruais. 
  3. Os alimentos também podem ser fonte de antioxidantes, que agem combatendo radicais livres e reduzindo o estresse oxidativo.
  4. Outra preocupação é com a contaminação de alimentos. Alguns agrotóxicos e poluentes ambientais podem alterar o metabolismo de hormônios e, desta forma, influenciar no desenvolvimento da endometriose. 

Sendo assim, é essencial conhecer quais hábitos alimentares podem ser protetores e quais poderiam atrapalhar o controle da doença. 


Neste e-book você irá conhecer mais sobre a endometriose, suas causas, sintomas, quais as relações entre a doença e o estilo de vida da mulher, além de entender como funciona a relação entre nutrição e endometriose. 



Contudo, é importante ressaltar que essas orientações não são individuais e, portanto, não substituem uma avaliação e acompanhamento nutricional por um profissional especializado. 



Boa leitura!

Endometriose

  • O que é Endometriose?

    A endometriose se caracteriza pela presença de  tecido semelhante ao do endométrio (tecido que  reveste internamente o útero), fora do útero.  Assim como o endométrio, as lesões de endometriose respondem aos hormônios do ciclo menstrual de forma semelhante. Ou seja, durante a  menstruação há maior inflamação, o que geralmente causa maior dor nesse período. As lesões de endometriose podem estar presentes em várias regiões do corpo, mas costumam ser mais encontradas na pelve  (região mais baixa do abdômen).  


    Em casos extremos, pode acometer órgãos  mais distantes, como pulmão e sistema nervoso central. Mas esses são os casos mais raros! Para se  ter uma ideia, a endometriose acomete em torno de  sete milhões de brasileiras. Segundo dados da  Organização Mundial da Saúde , ela chega a afetar  15% das mulheres em fase reprodutiva no mundo  todo. 

  • Causas da doença

    Uma das dúvidas da endometriose mais comuns diz  respeito às suas causas. E não à toa, visto que não há  uma definição concreta sobre o que leva ao surgimento da doença. O mais provável é que talvez não exista apenas uma causa, visto que existem diversas teorias para explicar o aparecimento e crescimento dessas lesões. Uma das teorias mais conhecidas é a da chamada “menstruação retrógrada”. Nela, o fluxo menstrual além de sair por via vaginal, retorna através das trompas e cai na pelve. O problema dessa teoria é que praticamente todas as mulheres têm menstruação retrógrada. Sendo assim, só isso não explica porque apenas uma pequena parcela dessas mulheres desenvolvem a endometriose. 

    Outras teorias incluem a origem embrionária dessas  lesões, e outra ainda seria a transformação de células em células de endometriose (chamada de  metaplasia). A disseminação através da corrente  sanguínea também poderia explicar endometriose em locais como o cérebro e pulmões. Mas são todas teorias, por enquanto. Outra questão associada é o fator imunológico. Em condições normais, nosso corpo é  capaz de reconhecer e eliminar células que estão em  locais inadequados. Em pacientes com endometriose, as células da doença estão em locais  inadequados, mas por algum motivo não são eliminadas  dessa região. A alimentação também é outro fator que  influencia o risco de ter endometriose. Alimentos  inflamatórios contribuem para um processo chamado  de estresse oxidativo, que está associado à endometriose. O consumo excessivo desses alimentos, portanto, aparentemente contribui para aumento dos  sintomas, ou mesmo para aumento das lesões. Um dos  fatores de risco predominantes da endometriose, segundo a Sociedade Brasileira de Endometriose, é o  fator genético. Cerca de 51% dos casos de endometriose ocorrem em pessoas que apresentam casos da doença na família.


  • Principais sintomas

    De todos os sintomas relacionados à endometriose, os  mais comuns são: 

    • Cólicas menstruais intensas;
    • Dores pélvicas fora do período menstrual;
    • Dor e/ou sangramento na relação sexual, especialmente de profundidade;
    • Dor ou sangramento para urinar e/ou evacuar no período menstrual;
    • Dificuldade para engravidar e/ou infertilidade;
    • Alteração do funcionamento intestinal;
    • Fadiga;
    • Aumento do volume do abdômen no período menstrual.

    Segundo a Associação Brasileira de Endometriose, em torno de 40% das mulheres portadoras da doença podem apresentar infertilidade em consequência da endometriose.

A relação entre a doença e o estilo de vida da mulher

Alguns especialistas justificam o aumento no número de casos de endometriose pelas mudanças no estilo de  vida das mulheres. Além de muitas adiarem a maternidade por questões pessoais e  profissionais, situações como sono de má qualidade, estresse e sedentarismo, afetam negativamente o  sistema imunológico. E alterações no sistema imune podem contribuir com o desenvolvimento de doenças  inflamatórias. 


Existe ainda a influência da nutrição na  endometriose. A mudança no padrão alimentar, possuindo maior presença de alimentos ultraprocessados, consumo excessivo de gorduras, açúcar e carne vermelha, associada à diminuição no consumo de frutas, verduras, e legumes, pode ter colaborado com a piora de processos inflamatórios e, consequentemente, com a evolução da doença e seus  sintomas.

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Como os hábitos

saudáveis podem contribuir

no controle da doença

A adoção de hábitos saudáveis pode melhorar a  qualidade de vida das mulheres e certamente faz parte do tratamento. Mudanças no estilo de vida são benéficas  não somente para a endometriose, mas também para a prevenção de diversas outras doenças.  


Estes são os principais cuidados com a saúde a serem tomados: 

  • Controle do estresse; 
  • Manter boa qualidade de sono; 
  • Realizar atividades físicas regulares; 
  • Adotar rotina saudável de alimentação; 
  • Evitar consumo excessivo de álcool; 
  • Parar com o tabagismo.
Uma variedade de alimentos saudáveis ​​em uma mesa de madeira branca.

Cuidados com a alimentação durante o tratamento 

Por tudo o que já foi dito anteriormente, sabemos que  cuidar da alimentação é parte essencial do tratamento.  Além de aliviar os sintomas, modificar a dieta traz equilíbrio para o funcionamento do corpo, promovendo a melhora na saúde como um todo.

  • Inclua mais alimentos antioxidantes

    As frutas, verduras e legumes são fontes de vitaminas  e minerais que colaboram para melhorar a defesa do  organismo e controlar a inflamação. 


    Além do mais, esses alimentos possuem  fitoquímicos e compostos bioativos que apresentam ação antioxidante contra radicais livres, reduzindo o estresse oxidativo e o risco de doenças. Escolher cores e  tipos diferentes de frutas e vegetais faz com que a dieta  fique ainda mais rica e balanceada.


    Alimentos ricos em vitaminas C e E: são importantes por serem as principais vitaminas antioxidantes. Frutas (goiaba, laranja, manga, kiwi, morango, mexerica) e hortaliças (brócolis, couve manteiga, pimentão, tomate) são excelentes fontes de vitamina C. Já a vitamina E está presente nos óleos vegetais, abacate, oleaginosas e semente de girassol. 

  • Capriche no consumo de fibras

    Estudos têm demonstrado que as fibras ajudam o  nosso corpo a equilibrar o metabolismo de hormônios através da eliminação pelas fezes.  


    Como a progressão da endometriose é dependente do hormônio estrogênio, o equilíbrio de seus níveis pode ser interessante para controlar os sintomas. O consumo adequado de fibras contribui para o bom funcionamento intestinal.  Incluir folhas, sementes, aveia, quinoa, cereais integrais e leguminosas, é uma excelente estratégia para aliviar a constipação intestinal. 


    Quando o intestino passa a funcionar regularmente, o que se observa é a redução da dor e o aumento na sensação de bem-estar. 


    Entretanto, vale lembrar que se houver alguma alteração digestiva, como a síndrome do intestino irritável, por  exemplo, é importante procurar um profissional  especializado para poder individualizar o tratamento.  


    Outro ponto importante é que, para que a fibras tenham um bom efeito, é  fundamental ingerir quantidade suficiente de água (pelo menos 1,5 L por dia!).


  • Escolha bem as gorduras da dieta

    Nem todo tipo de gordura favorece a inflamação. Os  ácidos graxos da classe ômega-3, por exemplo, podem  exercer papel anti-inflamatório. Eles estão presentes em  alguns peixes e frutos do mar, oleaginosas, sementes de chia e de linhaça. 


    Escolher melhor o tipo de gordura a ser utilizada na  alimentação é o caminho certo. As gorduras monoinsaturadas, presentes no azeite de oliva, oleaginosas e abacate são menos inflamatórias. 


    Já as gorduras saturadas que estão nas carnes vermelhas e laticínios integrais, podem contribuir para o aumento da inflamação quando consumidas em excesso.


    Entre todos os tipos de gorduras, as chamadas  gorduras trans são aquelas que possuem o maior  potencial pró-inflamatório. Apesar de sua presença ter  diminuído nos alimentos processados nos últimos anos,  elas ainda podem ser encontradas em bolos  industrializados, biscoitos e bolachas, salgadinhos, pães  doces, chocolates e sorvetes. 


    Para verificar sua  presença, é preciso ler o rótulo dos alimentos e checar  se existe “gordura vegetal hidrogenada” na lista de  ingredientes.

Uma pessoa está escrevendo em um caderno ao lado de um laptop e vegetais.

Orientação nutricional 


A endometriose é uma doença que pode prejudicar substancialmente a qualidade de vida das mulheres. Mas, muitas vezes é possível reduzir seu impacto negativo no bem-estar físico e mental, através de melhores escolhas alimentares.

  • O que você deve comer

    • Verduras e legumes: Sejam crus ou cozidos, eles devem estar presentes com variedade e abundância, pelo menos no almoço e no jantar; 
    • Frutas: Da mesma forma, é importante variar os tipos consumidos e acrescentá-las ao longo do dia, em especial, como sobremesa; 
    • Fibras: salpique sementes em suas refeições, prefira cereais integrais, reduza farinhas refinadas e substitua por farinhas ricas em fibra (farelo de aveia, farinha de linhaça, de grão de bico, de amêndoas, por exemplo) 
    • Carnes brancas: frango e peixes.
    • Oleaginosas e sementes: nozes, castanhas, amendoim, amêndoas, avelãs, macadâmias; semente de chia, linhaça, girassol, abóbora, gergelim. Devem  estar presentes na alimentação em quantidades  moderadas, pois possuem um alto valor energético. 
  • O que você deve reduzir

    Alimentos ultraprocessados são produtos que passam por diversas etapas de processamento e contém ingredientes que não são considerados comida, os chamados aditivos alimentares. 


    Geralmente são ricos em gordura saturada, açúcar, sal e gordura trans, e, por isso, favorecem a inflamação. Procure ler os rótulos dos alimentos e busque aqueles que possuem uma lista de ingredientes mais enxuta, sem “nomes estranhos”!


    E, com certeza, diminua a presença dos seguintes  alimentos no seu cardápio:  

    • Salgadinhos; 
    • Bolachas e biscoitos recheados; 
    • Chocolates ao leite e brancos;
    • Sorvetes de massa; 
    • Macarrão instantâneo; 
    • Embutidos; 
    • Margarinas; 
    • Refrigerantes; 
    • Produtos congelados como lasanha, nuggets, hambúrgueres, etc.; 
    • Frituras.
Um desenho de um círculo feito de linhas em um fundo branco.

Considerações finais

Comece devagar e faça mudanças gradativas em sua alimentação! Aos poucos, vá percebendo como seu corpo responde aos novos hábitos e faça ajustes na alimentação de acordo com suas tolerâncias individuais.


À medida que você adota uma rotina mais saudável e passa a conhecer melhor o seu corpo, você vai notar um aumento na disposição, na energia e na capacidade de realizar as coisas mais simples do dia-a-dia. Esse será o seu combustível para continuar mudando, pois você vai perceber que vale a pena!


Manter uma alimentação balanceada é uma das melhores formas de se cuidar e ter uma boa qualidade de vida! A melhor notícia é que ela está totalmente ao seu alcance. Vamos lá?


Lembrando que o conteúdo deste e-book não substitui  uma consulta médica ou com nutricionista.  Especialmente, porque existem características individuais que precisam ser avaliadas por um profissional especializado.

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Juliana Gropp

CRN-SP: 16135

Juliana Gropp é nutricionista formada pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Especializada em Nutrição nas doenças crônicas não-degenerativas pelo Hospital Israelita Albert Einstein e em Nutrição Clínica pelo Hospital Sírio Libanês.


São mais de 17 anos exercendo Nutrição para ajudar as pessoas a terem mais saúde e qualidade de vida, de uma forma leve, individualizada e duradoura.

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