Apresentação
Olá! Sou o Dr Tomyo Arazawa, médico Ginecologista e Obstetra formado pela Faculdade de Medicina da USP. Escrevi esse E-book como um resumo completo sobre tudo o que considero importante saber sobre Endometriose.
Antes de iniciar a sua leitura, gostaria de me apresentar e explicar o porquê de eu ter escolhido me especializar no acompanhamento e tratamento de pacientes com endometriose!
Minha jornada começou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), onde me formei médico. Nessa mesma instituição (Hospital das Clínicas da FMUSP), fiz minha especialização em Ginecologia e Obstetrícia. Lá, fui chefe dos residentes de ginecologia por um ano e, logo depois, ingressei na minha sub-especialização em Endoscopia Ginecológica. Nessa nova especialização, me aperfeiçoei em técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, como a Videolaparoscopia e Histeroscopia. Passei mais alguns anos como médico voluntário, ensinando outros médicos residentes a realizarem esse tipo de cirurgia. Eu me especializei também em Medicina Reprodutiva, área em que trabalhei por cerca de 4 a 5 anos, e me permitiu vivenciar o drama de pacientes com endometriose ao ver sua fertilidade prejudicada.
Em todos esses anos de formação em ginecologia, as pacientes que sofriam por endometriose e dor pélvica sempre me intrigaram. Não só porque era muito difícil entender a doença em si, mas sim pelo fato de que muitas pacientes não apresentavam melhoras em relação às suas queixas com muitos tratamentos. Não satisfeito com os aprendizados que adquiri, mesmo em uma das melhores instituições do Brasil, decidi aprofundar meus conhecimentos por conta própria. Foram diversos congressos sobre o assunto e outros sobre dor pélvica, cursos específicos e muitas, muitas conversas com diversos profissionais de áreas diferentes.
Após muitos anos de estudo, dedicação e aperfeiçoamento, e depois de muita reflexão, ficou claro para mim que um dos meus propósitos principais como médico é ajudar o maior número possível de mulheres que sofrem com essa doença. Sei que não serei capaz de ajudar pessoalmente todas vocês que estão lendo esse E-book. Mas não quero e não posso deixar que o conhecimento que adquiri em todos esses anos beneficie apenas as minhas pacientes.
Espero que aproveite a leitura e que seja de bom proveito para entender um pouco mais sobre essa doença que
hoje acomete cerca de 10 a 15% de todas as mulheres em idade reprodutiva.
Introdução
Você já deve ter ouvido falar a respeito de um problema feminino conhecido por Endometriose.
Mas será que você realmente sabe a respeito dessa doença? Será que aquela sua cólica menstrual tem a ver com essa tal de Endometriose?
De fato, você precisa da ajuda de um especialista para ter o seu diagnóstico preciso, porém é de extrema importância que você entenda um pouco sobre essa doença. A Endometriose é uma doença crônica que afeta entre 10 a 15% de todas as mulheres em idade reprodutiva, e tem como característica principal o crescimento de células e tecido semelhante ao endométrio (camada interna do útero) fora do útero.
Ela pode acometer diversos órgãos da pelve além do útero, como os ovários, tubas uterinas, bexiga, intestino e diafragma, mas, principalmente, uma camada que reveste praticamente todos os órgãos internos, chamada de peritônio.
Mas quais são as consequências dessa doença? Essa doença de alguma forma pode ser hereditária? Isso pode atrapalhar uma gravidez? É uma doença grave? Provavelmente essas são algumas das perguntas que passaram na sua cabeça no momento em que abriu este artigo e leu seu título. Mas não se preocupe, pois este conteúdo foi desenvolvido exatamente para lhe trazer respostas. O tema Endometriose tem sido muito discutido nos dias atuais. O número de mulheres com esse diagnóstico é cada vez maior. Muitos têm chamado de “doença da mulher moderna” pois pode estar associado às mudanças psico-sócio-culturais nas últimas décadas.
A doença é uma das principais causas de dor e infertilidade, com um impacto profundo na qualidade de vida das mulheres. Mas sabendo escolher bons profissionais e iniciando o tratamento adequado precocemente, é possível reverter esse quadro na grande maioria dos casos.
Então, continue lendo este e-book para achar as principais respostas sobre a Endometriose!
Nossa abordagem
Como Identificamos
A identificação da endometriose começa durante a consulta médica. Muitos dos sinais e sintomas da doença já podem ser identificados com a história da paciente. Uma história detalhada e minuciosa é fundamental para identificar qualquer doença, principalmente a endometriose. Após conhecer bem a paciente e seus sintomas, é realizado o exame físico geral e ginecológico. No exame, procuramos por alterações que possam sugerir a presença de endometriose profunda, como a alteração do posicionamento do útero e nódulos ou espessamentos dolorosos na pelve da paciente. A partir desses pontos dolorosos, podemos direcionar os exames complementares mais indicados para confirmar ou afastar essa hipótese. A primeira consulta, por ser extremamente detalhada, costuma durar no mínimo 1 hora.
Os exames complementares que auxiliam a identificação desta doença são de imagem e em casos selecionados, um exame de sangue.
Não existe, até o momento, um exame de sangue para o diagnóstico de endometriose. Durante muitos anos o marcador tumoral CA 125 foi utilizado com essa finalidade. No entanto, ele é muito pouco específico e tem uma sensibilidade baixa para diagnosticar endometriose; apenas 30% (3 em cada 10) das mulheres com endometriose terão este marcador alterado. Por esse motivo, não é recomendado o seu uso rotineiro, mas, sim, em casos selecionados. O CA 125
é um marcador tumoral que, apesar do nome, não está relacionado somente a câncer. A endometriose, que é uma doença que pode causar o aumento do CA 125, principalmente durante o período menstrual.
Por isso, deve ser colhido preferencialmente entre o 2° e o 3° dia da menstruação.
É importante ressaltar que o resultado normal deste exame não exclui a possibilidade de endometriose.
Os exames de imagem são os principais exames que auxiliam no diagnóstico. Contudo, é fundamental que sejam realizados por profissionais com experiência no diagnóstico dessa doença. Os principais exames são:
- Ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal:
Esse exame é semelhante a uma ultrassonografia transvaginal, porém realizado após limpeza do intestino. Deve ser realizado por médicos radiologistas com treinamento para identificação da endometriose por ultrassonografia. Nesse exame, é possível identificar lesões de endometriose profunda em vários locais da pelve, incluindo bexiga e intestino. As taxas de acerto do exame chegam a 98%! - Ressonância magnética de abdômen e pelve com contraste e preparo intestinal:
Esse exame também deve ser realizado com um protocolo de preparo intestinal, além de inserção de gel na região da vagina e/ou reto. Nesse exame, a paciente precisa ficar sem se mover por um período de aproximadamente 40 minutos e, para algumas delas, pode ser um pouco claustrofóbico. Assim como a ultrassonografia com preparo intestinal, a sua acurácia chega a aproximadamente 98% de acerto. - Eco-colonoscopia:
Esse exame é pouco utilizado atualmente. Trata-se de uma ultrassonografia realizada por colonoscopia. Seu principal objetivo é avaliar o grau de profundidade de uma lesão de endometriose no intestino (reto). Contudo, esse dado também pode ser avaliado pela ultrassonografia transvaginal. É necessário sedação para realizar o exame. Por esses motivos, hoje em dia, seu uso é mais restrito.
Após a realização dos exames complementares, os resultados são avaliados no retorno. Geralmente, já é possível fazer o diagnóstico na grande maioria das pacientes. Contudo, em uma pequena parcela dessas pacientes (cerca de 2%), os exames podem não ser capazes de identificar a doença. Nesses casos, o diagnóstico pode ser feito através da
videolaparoscopia, com biópsia das lesões suspeitas.
Como Tratamos
O tratamento da endometriose depende dos sintomas que a doença está causando na paciente, no impacto sobre a qualidade de vida da paciente e do casal, e principalmente nos objetivos de cada mulher. Portanto
o tratamento é individualizado, desenhado e planejado após o estudo de todas as informações adquiridas nas consultas através das longas conversas, exame físico detalhado e resultado dos exames laboratoriais. O
objetivo principal do tratamento da endometriose é a
melhora da qualidade de vida da paciente, seja com melhora das dores pélvicas, melhora das dores na relação sexual, melhora da fertilidade e de qualquer outro sintoma que esteja atrapalhando a vida dessa mulher. De forma resumida, podemos dividir o tratamento em três tipos: clínico, cirúrgico e complementar.
Como prevenir a recorrência?
Quando falamos em recorrência da doença, nos referimos, especificamente, às pacientes que já fizeram cirurgia. Recorrência ou recidiva significa que a doença voltou uma vez que já tinha sido tratada. Acontece que a grande maioria dos casos de recorrência não são por volta da doença, e sim por persistência de lesões de endometriose que não foram completamente removidas na cirurgia anterior feita pela paciente. Por isso o tipo de cirurgia é tão importante para esse critério: cirurgia de excisão das lesões, por videolaparoscopia ou cirurgia robótica.
Após realizada uma cirurgia adequada e completa, podemos ajudar a prevenir a recorrência da doença das seguintes formas:
- uso de métodos contraceptivos hormonais: com o intuito de bloquear a ovulação ou ofertar mais hormônios progestagênios na pelve, o uso de contraceptivos hormonais é uma estratégia para tentar postergar uma possível recorrência. Ressaltamos que, para quem fez uma cirurgia inadequada, ficando ainda com lesões, o uso dessas medicações será muito menos eficaz para evitar a recorrência dos sintomas.
- ajustes no estilo de vida: as mesmas orientações para pacientes que sofrem com a endometriose permanecem válidas para pacientes que operaram endometriose, mesmo de forma excisional. Isso porque esses 4 pilares do estilo de vida podem estar associados na formação de novas lesões, visto que a maioria das doenças crônicas precisam de influências e fatores externos, ou seja, do ambiente, para que os genes consigam ser ativados e causar a doença. É o que chamamos de epigenética. Portanto, mesmo que você já esteja livre da endometriose por uma cirurgia, mantenha um estilo de vida saudável.
O que fazer agora?
Se você se identificou com os sintomas que explicamos anteriormente ou se está com dificuldade para engravidar, não demore para agendar uma consulta com um ginecologista especialista em Endometriose. Um
diagnóstico tardio da doença pode implicar em
endometriose mais avançada, agravamento dos sintomas e sequelas e, consequentemente,
tratamentos mais complexos. Lembre-se de que o diagnóstico desta doença
pode demorar até 10 anos para ser feito. Se você conhece alguém que sofre com muitas cólicas e dores pélvicas, também não custa orientar. Muitas mulheres não sabem dessa possibilidade e afirmam que é “normal” sentir tantas cólicas.
Conclusão
A endometriose é uma doença muito prevalente entre as mulheres e traz um impacto relevante sobre a saúde, fertilidade e bem-estar. Seus sintomas são variados e, por vezes, pode não apresentar sintomas, o que torna seu diagnóstico difícil e desafiador. O impacto que essa doença causa à vida da mulher vai muito além de dores físicas. Muitas pacientes vêem sua vida profissional comprometida, como também a vida conjugal com seu parceiro ou parceira, pelo impacto causado na saúde sexual e fertilidade. Incompreensão de amigos, colegas e até mesmo da família. As sequelas que essa doença pode deixar na vida de uma mulher são imensuráveis. Portanto uma avaliação bem feita, com um ginecologista especialista em endometriose e dor pélvica e, principalmente, humano, é fundamental para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz, precoce e completo.
Se você se identificou com algum dos sintomas no decorrer da leitura deste eBook, procure um especialista para uma avaliação e tratamentos adequados!
Sentir dores não é normal.
Você não está sozinha e não precisa lutar sozinha. Espero que tenha aproveitado a leitura e que, a partir dessas informações, já consiga estabelecer uma melhora da sua qualidade de vida!
Porque a Clínica Alira é diferente
A colaboração entre os nossos profissionais favorece um tratamento multidisciplinar, eficaz, prático e acolhedor.
Acolhimento
O cuidado à saúde começa na forma que atendemos as nossas pacientes, sempre com empatia e compreendendo suas particularidades.
Humanização
Não tratamos doenças, e sim mulheres. Este é um valor do qual não abrimos mão.
Transparência
Fundamental em um relacionamento de confiança, para o desfecho do tratamento e bem-estar da paciente.
Acolhimento
Profissionais referências em suas áreas de atuação, atualizados e capacitados para oferecer os melhores tratamentos
Responsável Técnico: